Uma das posições mais comuns que vejo jovens estudantes a tentar alcançar, a fim de obter mais flexibilidade, é oversplit na segunda posição, ou abertura negativa. Alongar ancas jovens de forma agressiva nesta posição pode alterar permanentemente a sua estrutura, por isso temos de ser muito, muito cuidadosos na forma como isso é conseguido.
No passado, quando expus as minhas preocupações sobre o excesso de alongamento em segunda, muitos pais e professores resistiram, dizendo que os seus filhos estão bem. Eu tive dificuldade em encontrar uma maneira de demonstrar os riscos reais desse tipo de treino, pois os resultados muitas vezes não são visíveis durante vários anos após o facto.
Então, um dia, uma aluna cuja história e raios-X demonstravam exactamente o meu ponto, veio para uma consulta. Ela graciosamente permitiu-me usar a sua história para fins de educação e tem esperança de que isto irá ajudar outros alunos a evitar os problemas que ela teve.
Só para esclarecer - eu não tenho problemas com mobilidade extrema quando alcançada de forma segura, e com o controlo apropriado. Na verdade, grande parte do trabalho que faço com alunos de nível elevado, ou de elite, concentra-se exatamente neste aspeto. Contudo, concentramo-nos em consegui-lo de forma educada e inteligente, atualizada e perspicaz, de modo a evitar possíveis problemas, e, os alunos são educados para gerirem os seus próprios corpos. Isto significa que eles poderão continuar a dançar até à idade adulta, e viver uma vida normal e sem dor quando eventualmente decidirem parar de atuar.
Qualquer pessoa que treine alunos jovens, bem como, os pais desses alunos, precisam de estar muito conscientes dos possíveis perigos relativos ao treino de mobilidade. Os próprios alunos muitas vezes têm dificuldade em ver as consequências a longo prazo das suas ações e, para eles, atingir uma determinada posição é muitas vezes o seu objetivo final. É nossa responsabilidade aprender as maneiras o mais seguras possível de ajudá-los a atingirem os seus objetivos, bem como, educá-los sobre a adequação dos seus objetivos relativamente à carreira escolhida.
Danos na anca causados pela realização de oversplits em segunda
As seguintes imagens são de uma jovem bailarina, agora com 14 anos, que começou a experienciar dor na anca aos 10 anos. Foram feitos raios X e foi-lhes informado de que não havia nada de errado. (A sua professora disse-lhe que era normal ter dor na anca...!) Ela continuou a ter problemas na anca e voltou a fazer raios-X novamente na idade de 13 anos e novamente aos 14 anos, antes de ela de me ver.
Olhe atentamente para as imagens abaixo, e, pode ver que a forma do encaixe da anca tem realmente mudado devido ao alongamento agressivo que ela estava a fazer na sua escola de dança. Isto está agora calcificado e, por isso, permanecerá desta forma para o resto da sua vida.
As primeiras duas imagens são de quando esta aluna tinha 10 anos: